Somos tenros pirangienses
Dois anos nos separam, quando te emancipavam,
eu sonhado ainda não tinha sido gerado no ventre
de minha mãe, que nos tempos idos fazia
os próprios enxovais.
Emanciparam-te com fogos de artifícios e de papo amarelo,
Discursos, hinos de liberdade, que parou de ecoar
nos tempos, antes idos.
Sou filho nato do Hospital Pirangi, a termo de
Dona Waldelice Affonso, Decana da serventualide
judiciária itajuipense, antes de comarca, abençoai as almas
de João e Rosalvo Guimarães, conhecidos como os Deway.
Agora sou poeta do Rio do Almada e dos lagos, entre serras
entrecortada de Vinháticos, Jequitibás, Massaranduba
e Jacarandás, que sangram ainda ao fio dos machados, fluindo perfume de sândalos.
Admiro as suas belezas naturais, paisagens e um patrimônio
artísticos físico e concreto, abandonados.
Procuro as Estações Férreas do Sequeiro do Espinho
e de Pirangi, vejo ruínas.
Deito-me na praça Humberto de Oliveira Badaró,
nas Pitangueiras, ignorada desde outros governos,
o atual não é a exceção, qualquer, fruto da inconstância
de ser profeta uma nova era.
Tergiverso em noites boêmias, as memórias do
Esporte Clube Bahia, Sobrado de Junot, Escolas das Professoras
Julieta Fonseca e Lucia Oliveira, durmo sob o que restou
da Escola de Comércio e a iconoclastia da Biblioteca do Convento
Franciscano, do sobrado da Família Pedro Hagge e dos acordes
dá Primeiro de Janeiro, na rua Ruy Barbosa.
Saudades das harmonias de origem árabe/judaica, entre nós,
hoje extinta em discussões domésticas, por políticos que não valem um
vintém, ou uma arroba dos manjares dos deuses Azteca,
que nunca colheram ou reviraram com os pés as amêndoas do cacau.
Como já dizia o Síndico Tim Maia, eu quero chocolate, ou de Chocolate da
Bahia, Não deixo não, vou me acabar mas, o fruto da cana eu não deixo de tomar,
disso não deixo não.
Agora as minhas memórias óticas estão assistindo a última sessão de
Sodoma e Gomorra e da destruição da Atlântida, onde outrora era o Cine Teatro
Hage.
Não tem jeito, retorno a Rua João "do Cacau" Evangelista,
procuro a roupa velha, de Manhoso e Baixota, não os encontrei,
dirijo-me em busca de uma boa cachaça Índia, no bar de Tilú,
procuro o sarapatel de Vitória, na feira Velha, que também não existem
mais, o alambique de Ermiro, dono da serra da Água Sumida,
onde não bebemos no cálice de chifre, antes de alguém.
Bebo as memórias remotas, em doses homéricas, aos pés do Sagrado Coração
de Jesus, que nos tempos áureos davam-nos santificação, que após o ofício, singrávamos
nos meios das ruas desertas, entre bairros, hoje iluminadas de Led, observando
os corpos marginais no chão.
Perambulo entre os trinta e três degraus da idade do Cristo, e depois os
doze degraus dos apóstolos, pra voltar a Matriz.
Acredito que antes de ir por vontade própria,
o Altíssimo virá nos buscar.
Afinal Bahia, Clodalmiro Amambay, em versos e prosas proclamou:
Bahia, Itajuipe é fruto do seu esplendor, viva Cloil Amambay de
Oliveira,
o Doutorzinho.
Cláudio Luz (08/02/2020)