sexta-feira, 26 de maio de 2017

A POESIA DE CLÁUDIO DA LUZ - HARAKIRI NAS ESTRELAS


Harakiri das estrelas

Você não conseguirá apagar minha luz,
Continuo voando pelos desertos,
Esquecendo mágoas, esperando parte do espólio
Que me caberá, como anjo ou artífice,
Dos desejos que hoje não repousam em seu coração.
Sou do céu, não tão branco como as nuvens,
Nem tão escuro como as tempestades que você previa
Nas suas insônias, ou noites mal dormidas,
Buscando nas fronhas cor de anil, o cheiro que exalava do
Meu corpo quando sonhava por ti.
Que nesta noite venham os raios inconstantes, frutos
Da imaginação, e que em um deles, venha uma fagulha,
Infalível, onde esquecerei as magoas passadas,
O brilho branco das estrelas, os megatons que nos esperam
No holocausto final, matando memórias que as estrelas que decairão
Não representará em nenhum momento o que há de vir,
Que revelará o infinito do corpo que é teu,
Onde as memórias transformadas em gotas de vinho
Seco, quem sabe suave ou frisante ou um daiquiri,
Que não provocará um harakiri, perpetrado por
Yukio Mishima, no último haicai, sem métrica e acentuação adaptada a partir de um punhal.
Assim voarei, para onde o vento sopra,
Tentando te encontrar algum dia,
Nas sombras, sobre minha estrela
Que estará carregando sua luz.


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