domingo, 3 de dezembro de 2023

apoesiadesnuda

Desnudo-me


Desnudo-me, grito no meio de uma multidão

Ausente.

Já não tenho nervos de aço, o meu grito está insonoro,

O meu coração em descompasso te chama num

Horizonte perdido, não me encontro, sou fé, agora

Descrente, cego porque não!

Os meus olhos agora que pairam nas lágrimas que

Cai dos seus olhos, face molhada por momentos

Que não deveriam existir, agora ocaso, que não

Nos leva a lugar nenhum.

Os meus lábios que antes te beijava com ardor

Agora estão frios.

Mais uma vez desnudo-me perante o universo que

Eu conspirei contra.

Colho frutos que se chamam arrependimentos, tripudio

Da minha herança maldita.

Antes deveria ser um natimorto, agora

Sou desnudo pelas minhas intemperanças que

Já não gela o meu corpo, agora nu.

 

Cláudio Luz

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