quinta-feira, 30 de março de 2023

Beija-me como se fosse à última vez

O amanhã nunca se sabe, ou temos em nós bússolas do tempo para nos transportar, pra fugirmos entre estrelas infinitas, nestes dias de sangue, que explodem em nossas coronárias, quando não é em tempo de paz que dilatam apenas amor.

O amanhã nunca se sabe entreportas e vielas, quando pensamos em fugir de um mal maior.

O amanhã nunca se sabe, se de joelhos iremos para os templos que em tempo de paz nos negamos a nos ajoelhar, em agradecimentos talvez.

O amanhã quem sabe voltarei ao hospital onde nasci como fruto de Deus e morrer sem me redimir.

Suplico-te, agora me beija mais uma vez, antes que eu morra como se fosse o amanhã que ninguém sabe!

Cuida bem de mim e eu de você.

Enfim atendemos

Quem quiser seguir-me pegue a sua dor e medite.

Eis a máxima do

Cálice que bebemos a cada dia e da carne

Que não podemos sepultar.

Sepultamos párias, são imensuráveis os

Corpos envoltos em sacos como heróis

Sem medalhas que morreram numa guerra

Não declarada.

Somos sangue do nosso próprio sangue,

Vizinhos talvez, somos artífices das vacinas,

Antes éramos fruto da luz, agora somos frutos das vacinas,

Antes vagina, que nos fazia viver com

Doses de leite materno que nos imunizavam

Para vivermos.

Como beber desse vírus amargo que nos

Faz morrer.

Agora simplesmente somos

Vítimas das estatísticas, sem o toque do

Silêncio...

Te Deum... Amém!

Como continuar bebendo essa bebida amarga.

O tempo passa

O tempo passa, passamos tantos, encontros,

Reencontros entre despedidas risos, dores

E vontade de voltarmos.

O tempo passa como ad ondas dos mares que

Banhavam os nossos corpos sedentos de amor intrínsecos,

Beijos entre os nossos corpos nus.

Sou você em vida, você é em mim vida plena,

Ficamos éter, pinças, algodões, seringas e

Não sei mais o que.

Chorei o seu semblante, afaguei os seus cabelos

E sentir de novo quando fizemos uma vida.

Bênção de Deus que hoje me faz te querer.

 

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