Dançando
no escuro das incertezas
À noite lhe indigna, a música suave já
Não toma conta da sua sensibilidade, antes
Afável e sonhadora, entre sonhos e palavras que
Agora são jogadas ao vento das incertezas que virão
Na próxima canção que talvez nos una num dois prá lá, dois
Pra cá.
O gelo já derreteu os seus lábios, agora não estão úmidos,
As luzes já não são mais de neons e os céus já não
Estampa as estrelas que cobriam os nossos sonhos.
Agora vagamos na escuridão, mesmo com os acordes que teimam em
Difundir-se, entre paredes mortas que agora nos separam
Apesar de olharmos um para o outro com os corpos desnudos e
Sem vida.
Em balbucios, você mancha a maquiagem que escorre por sua face,
você
Tergiversa como se estivesse em viagens passadas, tentando
alcançar
O inatingível que se perdeu no horizonte que não voltará
Nem agora e nem aqui porque a nossa pertença é um privilégio
Concedido por deuses de ébano ou de incertezas depositadas
No fundo das taças de bacará, onde talvez tomaremos o ultimo
drinque e
Gritaremos hasta La vista, baby!
Agora as luzes nos iluminam para dançarmos, talvez pela última
Vez o dois pra lá, dois pra cá, sentindo um frisson que
percorrerá
As nossas nucas e espinhas nesta dança escura, que não sei
quando
Vai terminar.
Acendam-se as luzes...
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