segunda-feira, 16 de abril de 2018


Pedras aos ventos


Se calarem a voz das pedras

Como os poetas escreverão? Por isso poetizo,

Na calada da noite, infinitamente, sonhando com os seus olhos de tigresa,

Indomada, sentindo a sua essência no final tarde chuvoso

Aqui e ali, sem o ocaso dos descrentes do amor.

Você não está aqui, penso o que é melhor em você, não vulgar, mesmo

Olhando pro seu corpo que é só seu, ouso pedir permissão, pois

Não é o nosso caso protelar pelo menos nesta noite, busco entre sussurros

Como se estivéssemos  entreouvidos, ditando a ultima estrofe

Que escrevi na sua alma, bebendo chuvas sem pecados aparentes,  

Embriagando-nos do  amor que é por determinação de nós dois.

Agora que as cores são imorais, o sol não é mais o da meia-noite,

Os seus cabelos estão soltos ao vento, o outono chove copiosamente,

Como lágrimas que você precisa para a sua libertação!

Ouço a voz do rebento que você acalenta em seus braços agora

Adormecidos pelas esperas insones, pelos acalantos perdidos,

Pelas pedras que os profetas não recolheram para trazer uma nova luz.

Por isso poetizo perante as esferas que contemplam

Impavidamente o firmamento afogado entre bombas químicas e lágrimas dos

Que não querem morrer e nem matar o nosso viver...



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