Saudades da Rua do Cacau
Noites de sonhos, noites na Rua do
Cacau
Oficialmente Rua João Evangelista,
que não era o santo,
Madrugadas adentram pedaço de mau
caminho dos jovens, para os velhos Antros de perdição.
Cheias de Graças doces meninas,
ventre ilusionistas, decotes generosos Para o momento final.
Inicio de noite, músicas duvidosas e
gostosas soavam como orações,
Danças coladas, fungadas no Pé do
cangote, confissões entreouvidas no Salão cheio de penumbras entre idas e vindas
de mulheres ao luar em busca De um par.
Mesas fartas e repletas, quartos
furtivos transformados em alcovas de Juras e perdões.
Entre paredes se ouvia!
- Você volta amanhã?
-Volto!
- Estou te esperando, você sabe que é
o único homem da minha vida,
Pura ilusão.
Bar do Chico, Barraca de zinco do
Dedê, Cabaret de Flávio, Roupa Velha de Manhoso e Baixota, Quiosque da Tilú,
tínhamos a Brasília Velha e a Nova, a Boate Cinderela.
Luz Negra refletiam a meia luz no
meio do salão como céus de estrelas.
Cachaça da boa, cervejas geladas,
bebidas quentes, uísque com guaraná, Falsos cuba-libre, pois a noite era longa
para as meninas acasalar mais e Mais.
Mulheres tinham nomes Madalena, Biô,
Escurinha, e até nomes exóticos Borboleta, Maria Pitú, Boca de Cabelo e
Carrola, que na Pia Batismal
Recebeu o nome de Crispina.
Tinha até o Diploma, que vagou pelas
ruas até o último acorde do Cisne Negro.
Tinham visitas corriqueiras as
Farmácias de João Adry, Antonio Mansur, Tonho Buguelo para curar as sequelas
deixadas de uma noite de falso amor.
Tinham joias falsas, cortes de
tecidos, perfumes, pó de arroz e Rouge para
Embelezar e perfumar as noites de
falso amor.
Tinha também autoridades, Delegados,
Policiais e Comissários de Menores Eram as Forças armadas pra botar ordem no
lugar,
Tinha corpos estirados, faca, facão,
tiros e até gilete navalhas asfiadas.
Quem não se respeitasse era brindado
com algumas horas no Abaixadinho Da Chefatura local e quicas descanso eterno nas
Palmeiras da Saudade.
De lá saíram professores, contadores,
advogados e quicás médicos
Nem todos foram produtos do meio,
mas, viveram no meio da eterna Rua do Cacau.
Tudo calmo
Melhor assim, eu estava aqui com os meus botões,
Falando sozinho, sonhando com Júlia
Roberts,
Viajando, comendo, bebendo e pensando
em te amar.
Loucos são, entre o imprevisível, sem
você, ou senil,
Quando penso que você vai aparecer, abrasando-me,
Ardendo-me, sentindo prazer
incondicional,
Um amor sem fim, pois nada é
proibido.
Não te darei tristeza, só quero te
querer,
Ouvindo aqui e agora só eu e você.
Nada é proibido entre amantes
seculares.
Nostalgia
Hoje acordei nostálgico revirando o Bataclan,
Comendo quibes no Vesúvio, dançando
nos embalos
De sábado à noite e filmando os seus
olhos de Vênus.
Será que acordei entre as vozes de
Charles de Aznavour
E os melódicos Frank Sinatra, Jerri
Adriani e Rita Pavone.
Una lacrima só viso,
Se non avesse piu te, silêncio agora.
Dio por que não me
Deixas amar, entre as nuvens, como se
não houvesse você.
Quando
Quando os meus sonhos deixam
Banho-me nas águas de Atalaia, entre
pensamentos,
Ilusões que estás junto a mim.
Percorro poesias, bombons e
chocolates, palavras,
Palavras que me alucina, sem sentir o
gosto
Dos seus lábios agora ardentes, sem
deixar marca de batom,
Cobrindo-me com suas madeixas cor de
néon,
Sonhos que tento afagar aqui e agora.
Recônditos estão, oro por ti, afago
as minhas mãos
Que estão prontas pra ti acariciar.
O ônibus passa não vejo a sua
silhueta
Que agora não passa por mim, ah,
telefone toca
E me diz eu te amo.