sexta-feira, 14 de outubro de 2022

apoesianaalexanderplatz

Acácias Adeus


 

Nesta tarde o vento vem dos lagos,

É o outubro se esvaindo, entre os nossos dedos

Pérfidos, que d’antes nos confortavam com meias verdades

E felicidades passageiras, como sonhos e flores

Que já não morriam no entardecer figurativos dos nossos

Ufanismos veranista.

Acácias, adeus amor

De Shangri-lah, onde nos amamos, pensando

Na eternidade perene que o Onipotente nos legou

Por alguns dias.

Esta tarde talvez seja nossa última tarde,

Quando talvez partam deixando nos ficar a sós, nas nossas memórias,

Como uma saudade inerentes de todas as partidas,

Sem despedidas ou olhares que só nos comoverá pós

Parto do amor que não deixamos nascer.

Quando as acácias brancas murcharem, após nos amarmos alguns dias

Deixando você transformar-se em “Una femme amoureuse”

Ardendo de desejos, não unilateral, com o seu direito de amar,

Sempre amar, sem nada determinar nas escuridões dos meus dias,

Se não de amor for de idade e bem querer, ou guarda-me para o repatriamento dos lagos,

Que me afogam na solidão dos meus dias, que já não são os de Shangri-lah.

Flores das Acácias, adeus, só vocês podem me conter.

Na Alexanderplatz



Sonho por você,

Como se estivesse deitado num banco

Perdido na Alexanderplatz observo as cidades

Do mundo, com as suas respectivas horas, amores

E desamores, tempo marcado, talvez, observando

As nuvens descompassadas pelo tempo ágil

Que já não reflete as mesmas imagens antes desenhadas,

Nas portas do Céu.

Medito já inerte, sob o cais, debruçando-me sobre o Rio Almada,

Que agora impávido, rompe o tudo que o impedia de

Singrar para os mares agora navegáveis, como a relva

Que distribui radiante o verde que nos inspira a amar.

Percorro a cidade nua, observo os transeuntes que vagueiam,

Entre achados e perdidos, flutuando entre as artérias que

Sangram, anunciando uma nova história que está por vir.

Acordo sobre os jardins suspensos da Praça Adonias Filho,

Porventura, nos bancos da Régis Pacheco, ouvindo os burburinhos

Que vem das Praças Manoel Agostinho de Santana e Humberto de Oliveira Badaró, das Pitangueiras.

Ponho-me em oração no Templo Sagrado da Colina, rezando preces

Não repetidas, com o sol que emerge do horizonte, anunciando

Um novo dia de Paz.

Deixo a Alexanderplatz, sem beber da água da Fonte da Amizade

Internacional, para banhar-me nas águas escuras dos lagos

Itajuipenses.

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