Uma
música no calor da noite
Fizestes-me apaixonar, não
Pelo encontro que nunca pensei que
aconteceria,
Que fez nascer um sentimento entre o
nascer e o por do sol
E as poesias que eu não fiz pra você,
Talvez,
Fiz abortos de sentimentos, quem
sabe.
Agora que a centelha foi acesa,
Não por acaso, pois seria importante
Pra nós dois, talvez amargos, como
são amargos
As amarguras da noite, quando me
encontro sozinho
Abandonado no leito que dividíamos
Quando avizinhava-se a escuridão,
Com o seu silêncio ausente interrompidos
Pelo “Bolero” de Ravel e as “Quatro
Estações”
De Vivaldi, sob a sua fotografia
refletida no espelho,
Ouvindo as canções no rádio,
Ou na voz ressonante dos
auto-falantes primaveris,
Das Vozes de nossas cidades, desde o
inicio
Da manhã, até à hora da “Ave Maria”
de Gonoud,
E a “Triste Partida” de Patativa de
Assaré, sob a batuta
“De Luiz “Lua” Gonzaga”.
Seria distração, ou não pensar,
Entre o encontro dos acordes, versos,
ou improvisos
De dois corações que se apaixonaram
diante
Dos acordes dissonantes, a embalar a
próxima canção
Que tocará entre as noites febris,
sob o calor das
Noites profanos, das nossas caricias
que não foram em vão
Ainda sinto o seu corpo febril... No
calor da noite.
Cláudio Luz
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