quinta-feira, 17 de novembro de 2016


Uma música no calor da noite


Fizestes-me apaixonar, não

Pelo encontro que nunca pensei que aconteceria,

Que fez nascer um sentimento entre o nascer e o por do sol

E as poesias que eu não fiz pra você,

Talvez,

Fiz abortos de sentimentos, quem sabe.

Agora que a centelha foi acesa,

Não por acaso, pois seria importante

Pra nós dois, talvez amargos, como são amargos

As amarguras da noite, quando me encontro sozinho

Abandonado no leito que dividíamos

Quando avizinhava-se a escuridão,

Com o seu silêncio ausente interrompidos

Pelo “Bolero” de Ravel e as “Quatro Estações”

De Vivaldi, sob a sua fotografia refletida no espelho,

Ouvindo as canções no rádio,

Ou na voz ressonante dos auto-falantes primaveris,

Das Vozes de nossas cidades, desde o inicio

Da manhã, até à hora da “Ave Maria” de Gonoud,

E a “Triste Partida” de Patativa de Assaré, sob a batuta

“De Luiz “Lua” Gonzaga”.

Seria distração, ou não pensar,

Entre o encontro dos acordes, versos, ou improvisos

De dois corações que se apaixonaram diante

Dos acordes dissonantes, a embalar a próxima canção

Que tocará entre as noites febris, sob o calor das

Noites profanos, das nossas caricias que não foram em vão

Ainda sinto o seu corpo febril... No calor da noite.



Cláudio Luz

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