sexta-feira, 8 de agosto de 2025

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Nas curvas do Rio Almada

Um dia enterrarei o meu coração

Nas curvas do Rio Almada, que serpenteia

Entre Almadina (Pouso Alegre),

Entrecortando Coaraci (Guaracy),

Itajuípe (Pirangi), Uruçuca (Água Preta)

Até o São Jorge dos Ilhéus,

Observarei as matas não mais virgens,

Verei os peixes marejarem em plena piracema.

 

Serei Tupinambá, sem arcos e flechas,

Brotarei arvores e frutos, como se adubo

Eu fosse.

 

Serei lágrimas incontidas por não

Mas perceber o nascimento do sol,

O descerrar da lua, os brilhos das estrelas

E o sussurrar dos cantos dos pássaros

Libertos e dos engaiolados também.

 

Cerrarei fileiras com os anjos que partiram

Antes de mim, queimarei incensos cujos

Espirais chegarão aos céus, sem brados,

Apenas como oração.

 

Cláudio Luz

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