Apenas
Apenas imaginei que
O tempo todo eu via o seu rosto
Diante do espelho côncavo dourado ou
seria convexo prata
Eu sabia que não podia sonhar com os
seus olhos
Eu posso sonhar, posso?
Ontem mais uma vez eu conheci o
amanhã sem você
Colocando uma vida inteira para
mostrar
Todo o sentimento que ainda guardo
por ti
Vivendo sozinho apelei amor pelos
caminhos
Posso tentar. Posso? Mas já percorri
este caminho antes
Quando o sol se vai tomado pela
escuridão da noite
Balbucio, agora “é a hora de ir para
casa”
E vou indo querendo dizer, só mais
uma coisa
Almejo o ontem, o hoje, o amanhã
talvez
Cubro-me, ouvindo a canção, que o
vento traz...
A terra é azul
No princípio Deus a criou, povoou, germinou seres que preservaram, preservam e a destrói, em sobressaltos, interesses vãos, mesmo gemendo a matam.
Natureza que agoniza em gemidos ainda
produz o Pão nosso que cada Dia nos daí, absolvendo os nossos pecados .
Lembro-me da sombra do Jequitibá, dos
cantos dos passarinhos que emitiam maviosos sons.
Hoje lamentos ouviram, o som dos
machados, dos pulverizadores e agrotóxicos que ferem o ar, introduzindo a
ingratidão no corpo mágico da natureza.
Terrível veneno que nos abate quando
Consumimos os frutos da terra-mater.
O meu rio já não corre copiosamente,
os peixinhos que antes bebiamos na esperança de nadar, já não, nada mais.
Assistimos ao caos, seja na terra, no
mar ou no ar.
Oramos comigo as tribos, com o grito
dos ribeirinhos, dos lavradores, o mundo está surdos sem porvir nas madrugadas
em busca do cuscuz da manhã.
Onde estará Severina, morte e vida,
Onde estará o orvalho da manhã que
ensopava o nosso frontes.
Somos frutos da terra, frutos do pó a
retornar, chá de ervas,
Bichos do mato, fontes de energia
naturais e a alimentar onde estarás.
Não somos pólvora, Machado ou facão,
Somos o fruto da terra que iremos
reconstruir.
Olhei para a terra para escrever
esses versos, cantos, prosas talvez, sonhando em dedilhar
O meu violão, feito de Carvalho e
tripas de carneiro, conseguir tocar um Lamento, da terra-mater que geme.
Onde estás esperança que não responde,
ouço o langor do violino do Apocalipse que nos matará.
Bicho homem, qual a fera que te
substituirá para nós matar.
Não é o amor, pois a natureza mais
uma vez nos ressuscitará, mantendo as Nossas vidas "Em seu altar".
Afinal o Céu é azul
O meu piano te toca
O meu piano te toca, canções sobre
Fotografias, escritos, lembranças que
invadem
Os espaços das teclas
Alvinegras, que embaraçam os meus
Olhares dirigidos a ti.
Leio-te entre partituras que semeia o
Seu corpo que baila entre luzes de
neons,
Entre acalantos e músicas que te
vestem.
Os meus sentimentos são sóbrios,
Musicais e poéticos quando eu quero
Falar de ti.
Entre nós não haverá a última música,
e
Sim a sua fotografia sob o piano que
Nunca toquei.
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