terça-feira, 9 de maio de 2023

apoesiamaternal

Mãe


 

Mãe vem me beijar-me de novo,

Como se fosse de novo a última vez.

Beija-me muito como no dia do parto, entre paredes,

Cúmplices fomos às primeiras horas da vida

Que me deste.

Beija-me Mãe Glória, agora alternadamente aos altos céus,

Envolta entre estrelas, como os seus olhos que brilhavam quando

Amamentava-me, entre acalantos e cantigas que hoje eu

Durmo só em escutar.

Aqueles olhos que ainda brilham a Sombra do Altíssimo

a nos abençoar.

Querida Mãe Glorinha, não sei em que momentos eu estarei

De novo junto a você, novamente queria que me amamentasse,

Entre beijos e abraços e canções de ninar.

Deus haverá de nos Eternizar, entre auroras e o pôr do sol,

Luares a brilhar.

Mamãe, desde que você partiu fez morada em mim.

Ame-me

Palavras, palavras entre vírgulas, sem ponto final,

Afinal o amor que me condena é latente entre os seus risos,

Mentiras talvez, bombons e chocolates, um copo de cerveja,

Palavras palavras que nos despem, entre noites prometidas

E futuros incertos.

Agora balbuciou, me ame me ame, por favor.

Afinal o meu coração agora, predestina-se se eu não for seu amanhã,

Estarei disperso nas estrelas suplicando,

Somente me ame.

Amando Lara

Quem dera que eu fosse Dr. Zhivago,

Amando, Lara, não nos Montes Urais e sim as margens do Rio Almada,

Sob a direção de Bernard Attal.

Encantar-me-ia o anarquista Klaus Kinski, limpando os sangues derramados no

Outubro Vermelho de 1917,

Levando-me para redimir a Primavera de Praga,

Ouvindo Dubcek, ecoando a nova revolução do Solidarność, de Lech Walesa, que no combalido Brasil, não demora aflorar.

Quem venha os “Magníficos”, armados com A Coleção Invisível, que temos Que.

Admirar.

Liberté, Égalité, Fraternité.

Que viva a Pátria, que chova arroz!!!

Invocando a frase “Não Passarão” de Isidora Dolores Ibárruri Gómez

“La Passionara.”

Chega de banquetes na Ilha Fiscal,

Rosa Luxemburgo rogue por nós,

Giordano Bruno Rogai por nós,

Danton rogue por nós,

Que os frutos do cacau digam amém.

É inútil talvez

Sem programações, entre ondas, beijos de línguas,

Um café dito passado na hora.

Pele morena, cores circenses, olhos de gata.

Nada é inútil quando penso, logo existo,

No seu acordar, penso não consigo deixar de te amar.

 

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