domingo, 11 de junho de 2023

apoesiacomcauso

Poemeu


No meu vazio eu me completo,

Na minha solidão eu me acompanho

E na minha depressão eu me supero.

No meu luto visto branco destilo preces

E orações aos céus do Pai Eterno, que talvez

Ouça-me.

No meu chorar aproveito para salgar com

As minhas lágrimas o Pão Nosso de Cada dia,

Eternos dias que se completará.

Sigo carregando risos, esperanças e o peso

Dos fardos que tenho que carregar no cotidiano,

Vendo o sol nascer.

Deo Gratias!

Nunca

Não, nunca fugirei de você,

A música será sempre uma

Música que mostrará os

Nossos lábios e corpos iguais.

Não, nunca fugirei das noites que

Estamos sem igual.

Não, nunca fugiremos enquanto

Tivermos corpos e almas que só

Dizem sim.

Não, nunca fugiremos do destino

Que construímos em razão da paixão

Que sentimos, em cumplicidade eterna,

Quem sabe não, ou nunca.

Causos

Eu consigo

Eleutério morava numa pequena chácara e vivia num dilema para assumir um desejo, pra muitos fúteis.

Dia e noite ele era fustigado com o flagelo que soprava na sua mente: Você vai conseguir repetida no calor da noite, no catre frio, abraçado a Zefinha.

Nas madrugadas o rádio derramava notícias sobre o Covid 19, que ele dizia que era obra de enxofre, misturado com alhos e outras quizilas, que aterrorizavam os pobres e enriqueciam os políticos.

Zefinha, sua companheira de longas jornadas sussurrava nos seus ouvidos: Você vai conseguir você vai conseguir.

Em certa manhã, Eleutério acordou com febre, garganta inflamada, falta de ar, sintomas da famigerada doença do século XXI, diagnosticado, receitado, mas veio a sucumbir.

Diante do caixão Zefinha, estendeu a mão e depositou no esquife aonde ele estava envolto num saco preto, uma peruca que iria cobrir a sua calvície e exclamou: Ele não usou, mas conseguiu levar para mostrar aos anjos de Deus.

 

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