Eu consigo
Eleutério morava numa pequena chácara
e vivia num dilema para assumir um desejo, pra muitos fúteis.
Dia e noite ele era fustigado com o
flagelo que soprava na sua mente: Você vai conseguir repetida no calor da
noite, no catre frio, abraçado a Zefinha.
Nas madrugadas o rádio derramava
notícias sobre o Covid 19, que ele dizia que era obra de enxofre, misturado com
alhos e outras quizilas, que aterrorizavam os pobres e enriqueciam os
políticos.
Zefinha, sua companheira de longas
jornadas sussurrava nos seus ouvidos: Você vai conseguir você vai conseguir.
Em certa manhã, Eleutério acordou com
febre, garganta inflamada, falta de ar, sintomas da famigerada doença do século
XXI, diagnosticado, receitado, mas veio a sucumbir.
Diante do caixão Zefinha, estendeu a
mão e depositou no esquife aonde ele estava envolto num saco preto, uma peruca
que iria cobrir a sua calvície e exclamou:Ele não usou, mas conseguiu levar
para mostrar aos anjos de Deus.
Cláudio Luz
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