domingo, 6 de novembro de 2022

Dois



Ela me ama e eu a amo,

Dançamos juntos movendo os quadris,

Em compasso dois pra lá dois pra cá,

Oferecendo-nos num ritual mágico e

Ascendente.

Sou Pierrot, ela Columbina em dias ardentes,

Esquentamos o sol e colocamos brilhos de prata

Na lua que nos encantará.

Eu não me viro contra ela, só danço como

Um passista numa quarta-feira de cinza, sendo ela

Porta Bandeira, dos meus sonhos, que agora serestam,

Com os meus passos de Mestre Sala.

Somos mel e limão, que se movem

Lentamente, antes de solver o ultimo gole,

Do prazer que é destilado, entre acordes e a

Próxima melodia, Sing, sing a son, quando sussurrarei,

Cante, cante uma canção.

Respiraremos os nossos semblantes entre afagos talvez,

Profanos, deixando nossas mãos espalmadas

Passando sobre os nossos corpos e pelos eriçados

Que nos levará entre distâncias, encontros e

Despedidas, que nos levará para distante, para

O paraíso talvez, quando ouviremos citaras tocadas por

Ravi Shankar em companhia de Carlos Santana, 

meditando “Corazón Espinado”.

Mais uma vez sussurrarei como o vento pleno,

Dois pra lá dois pra cá.

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