domingo, 16 de julho de 2023

apoesiadaterraazul

A terra é azul


No princípio Deus a criou, povoou, germinou seres

Que preservaram, preservam e a destrói, em sobressaltos,

Interesses vãos, mesmo gemendo a matam.

Natureza que agoniza em gemidos ainda produz o Pão nosso

Que cada Dia nos daí, absolvendo os nossos pecados .

Lembro-me da sombra do Jequitibá, dos cantos dos passarinhos

Que emitiam maviosos sons.

Hoje lamentos se ouvem o som dos machados,

Dos pulverizadores e agrotóxicos que ferem o ar,

Introduzindo a ingratidão no corpo mágico da natureza.

Terrível veneno é o que nos abate, quando

Consumimos os frutos da terra-mater.

O meu rio já não corre copiosamente, os peixinhos que antes

Bebíamos na esperança de nadar, já não, nada a mais.

Assistimos ao caos, seja na terra, no mar ou no ar.

Oram comigo as tribos, com o grito dos ribeirinhos,

Dos lavradores, o mundo está surdo sem porvir nas madrugadas

Em busca do cuscuz da manhã.

Onde estará Severina, morte e vida, onde estará o orvalho

Da manhã que ensopava as nossas frontes.

Somos frutos da terra, frutos do pó a retornar,

Chá de ervas, bichos do mato, fontes de energia naturais,

Alimentar, onde estarás.

Não somos pólvora, Machado ou facão,

Somos o fruto da terra que iremos reconstruir.

Olhei para a terra para escrever esses versos, cantos,

Prosas talvez, sonhando em dedilhar

O meu violão, feito de Carvalho e tripas de carneiro,

Conseguir tocar um lamento, da terra-mater que geme.

Onde está, esperança que não responde, ouço o langor

Do violino do apocalipse que nos matará.

Bicho homem, qual a fera que te substituirá para nós matar.

Não é o amor, pois a natureza mais uma vez nos ressuscitará,

Mantendo as nossas vidas "Em seu altar".

Afinal o Céu é azul

O meu piano te toca

O meu piano te toca, canções sobre

Fotografias, escritos e lembranças

Que invadem os espaços das teclas

Alvinegras, que embaraçam os meus

Olhares dirigidos a ti.

Leio-te entre partituras que semeia o

Seu corpo que baila entre luzes de neons,

Entre acalantos e músicas que te vestem.

Os meus sentimentos são sóbrios, musicais

E poéticos, quando eu quero

Falar de ti.

Entre nós não haverá a última música e

Sim a sua fotografia sob o piano que

Nunca toquei.

Materialmente

Fisicamente você me possuiu, pra que

Mentir tanto assim, como se eu quisesse de fato partir,

Dos seus braços, dos amasso, dos seus beijos maliciosos

E icônicos, que trocamos entre o equilíbrio que sempre existiu

Entre o céu e a terra.

Quando nos banhamos no mar de julho, esperando o agosto

Voltar entre luas prateadas e estrelas cadentes, entre ao fechar

Dos nossos olhos desejando um eterno amar.

Seduções, almas gêmeas, extremos

Percorridos, estradas de tijolos amarelos (brick road de Oz,

Terras e asfaltos negros, quisera iremos percorrer para

Abraçarmos-nos entre os equinócios e o solstício

que entrevejo nos seus lábios, que em apelos

Pede para nós reencontrar.

Apenas

Apenas imaginei que

O tempo todo eu via o seu rosto

Diante do espelho côncavo dourado

Ou seria convexo prata.

Eu sabia que não podia sonhar com os seus olhos.

Eu posso sonhar, posso?

Ontem mais uma vez eu conheci o amanhã sem você

Colocando uma vida inteira para mostrar

Todo o sentimento que ainda guardo por ti

Vivendo sozinho apelei amor pelos caminhos

Posso tentar! Posso? Mas já percorri este caminho antes.

Quando o sol se vai tomado pela escuridão da noite

Balbucio, agora “é a hora de ir para casa”

E vou indo querendo dizer, só mais uma coisa:

Almejo o ontem, o hoje, o amanhã talvez.

Cubro-me, ouvindo a canção, que o vento já não traz...

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